O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide, a cada 45 dias, o novo patamar da taxa básica de juros do país, a Selic.

O comitê se reúne a cada 45 dias para analisar os dados econômicos do país e definir a trajetória de juros.

Na última reunião, em dezembro, o Copom aumentou a Selic de 11,25% ao ano para 12,25% ao ano, com expectativas para que chegue a 15% a.a. até o fim de 2025.

Da sigla Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, a Selic é a “taxa-mãe” da economia brasileira. Ela serve como parâmetro para todas as outras taxas de juros do país praticadas por bancos e instituições financeiras.

A principal função da Selic é ser um instrumento para controlar a inflação no país. Assim, ela pode subir ou cair por diversos motivos, mas geralmente a inflação e o nível de atividade econômica são seus dois principais fatores.

Como a Selic influencia as taxas de juros?

A Selic é uma orientação para taxas praticadas no mercado. É a partir dela, por exemplo, que um banco define quanto um consumidor pagará de juros por um empréstimo ou quanto um investidor irá receber de rendimento em um investimento.

A medida em que vai diminuindo também influencia outras taxas oferecidas para empréstimo e financiamento de vários setores.

“Mas é claro que isso não acontece da noite para o dia. É um longo caminho. A gente estima de seis a nove meses para ver o corte na Selic se materializando em uma orientação de juros mais baixos no próprio mercado”, diz o economista da Fundação Getúlio Vargas André Braz.

Um ciclo de alta da Selic indica, por exemplo, que o cenário econômico brasileiro está instável, com preços altos no mercado. Assim, com juros altos, o consumo é desestimulado — desacelerando a economia. Com menos pessoas consumindo, a tendência é os preços se acomodarem. Por outro lado, juros baixos estimulam o consumo e reaquecem a economia.

Mas Braz ressalta que tão importante quanto o corte é o comunicado divulgado pelo Copom ao fim da reunião. É nele que o colegiado sinaliza tendências de projeção da inflação e demais fatores macroeconômicos.

“Se eu corto 0,5 ponto percentual, mas digo que nas próximas reuniões posso fazer um corte mais profundo, isso já cria um ambiente mais favorável a juros mais baixos no curto prazo. Agora, se eu digo que vou cortar 0,5 e o horizonte ainda oferece riscos que limitam a continuidade do corte, a gente vê esse processo se materializar mais lentamente”, observa.

Não é só a Selic que influencia os juros praticados em empréstimos, financiamentos e investimentos no país. As taxas também variam de acordo com as expectativas de endividamento e da política fiscal do governo.

O economista Luís Otávio Leal, da G5 Partners, diz que o escândalo envolvendo as Americanas é um exemplo de percepção de risco que pressionou o custo do crédito no país.

“Os bancos colocam na taxa final a sua expectativa de inadimplência e os impostos. Então, por exemplo, se tiver um evento como o caso das Americanas, que aumentou o risco das empresas do varejo, o custo dos empréstimos para todas as demais empresas ficará mais caro, mesmo que o Banco Central não altere a Selic”, afirma.

O economista destaca que o IOF, Imposto sobre Operações Financeiras feitas no exterior, também é considerado para a composição das taxas. “Esse é um dos motivos pelo qual os governos, em geral, têm muitas restrições para aumentar o IOF como forma de incrementar a arrecadação”, observa.

Já a política fiscal tem impacto relevante, segundo ele, na composição das taxas finais para o consumidor. Se o mercado considera a política fiscal expansionista, por exemplo, a tendência é que a inflação suba.

“E, consequentemente, o Banco Central vai ter elevar os juros mais a frente, o que eleva as taxas futuras de juros, nas quais são baseadas as taxas para o consumidor”, conclui.



Fonte: https://valor.globo.com/financas/artigo/como-a-selic-influencia-as-taxas-de-juros-praticadas-no-brasil.ghtml

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