O chefe de research da Eleven Financial, Fernando Siqueira, explica que o movimento de correção ocorre depois da alta forte registrada ontem e que foi fruto de uma “correria”. Segundo ele, agentes financeiros desfizeram posições vendidas em emergentes, ao mesmo tempo em que outros investidores aproveitam para reduzir alocações em techs.

Siqueira avalia que não é possível descartar a continuidade de um movimento de rotação de ações de crescimento, caso das big techs, para papéis de valor, como o visto ontem por aqui. Uma das razões, diz, é que o volume financeiro negociado na sessão anterior foi elevado, tanto no Ibovespa como na B3. “O volume precisa confirmar a tendência. Volumes maiores na alta do que na queda [do índice] dão um reforço de que o movimento de rotação pode continuar”, resume.

Na sessão de hoje, as ações da Vale estiveram entre as maiores perdas registradas por blue chips e fecharam em queda de 2,43%, sem o referencial do minério de ferro no mercado chinês, devido ao Ano Novo Lunar. O movimento reverte a alta de 1,75% vista na véspera. A companhia apresentou os números de produção e vendas do último trimestre de 2024 após o fechamento dos mercados hoje.

Segundo a mineradora, a produção de minério de ferro no quarto trimestre de 2024 caiu 4,6%, para 85,27 milhões por tonelada, enquanto a produção de pelotas no mesmo período recuou 6,9% na base anual, para 9,167 milhões por tonelada. Já no acumulado de 2024, a produção de minério de ferro subiu 2%, para 327,6 milhões.

O gestor de ações da GAP Asset, Viccenzo Paternostro, avalia que a queda da ação pode ser explicada por uma combinação de fatores após o Ano Novo Chinês. A sazonalidade do preço do minério costuma piorar consideravelmente nesta época, porque aumenta a oferta no Brasil enquanto os estoques da Austrália — outro gigante na mineração — melhoram depois do período chuvoso. “Além disso, está sendo esperada uma reforma da siderurgia na China, que pode reduzir a demanda por minério”, pontua.

Os papéis da Petrobras também tiveram perdas na sessão: as PN caíram 0,13% e as ON recuaram 0,24%, mesmo em um dia de alta nos preços do petróleo.

A Petrobras publicou relatório hoje pela manhã em que informou ter produzido 2,7 milhões de barris de óleo e gás natural equivalente por dia (boed) em 2024, atingindo todas as metas de produção do ano, dentro da margem de 4%, para mais ou para menos.

A companhia enfrenta pressões para reajustar os preços dos combustíveis nas refinarias frente à defasagem crescente em relação ao mercado internacional. Segundo a GloboNews, o aumento do preço do diesel pode ser aprovado pelo Conselho de Administração da companhia amanhã. A gasolina, porém, não deve ser reajustada, segundo a reportagem.

Paternostro lembra que o diesel “é de longe mais relevante que a gasolina” e, se a previsão de aumento fosse o contrário, o mercado deveria reagir.

Siqueira, da Eleven, também avalia que as últimas notícias são reflexo de um “cálculo político” e que se a defasagem persistir por mais tempo, pode ser que isso afete mais as ações. “Não tem muito efeito por agora, mas ligou a ‘luz amarela’ dos investidores porque ambos estão defasados.”

Da mesma forma, as ações da Cogna foram destaque negativo após oito sessões seguidas de alta e recuaram 5,00%. Papéis da CVC e da LWSA também passaram por correções após registrar altas mais expressivas na sessão anterior e caíram 4,84% e 3,02%, respectivamente.

Por outro lado, as ações da IRB Brasil responderam pelas maiores altas na sessão, estendendo a subida vista na sessão anterior. Papéis da WEG, por sua vez, passaram por correção e avançaram 1,46% depois de tombar quase 8% ontem devido ao “efeito DeepSeek”.

Já em NY, os índices apresentaram recuperação, com destaque para a alta do Nasdaq, que subiu 2,03%. Já o S&P 500 e o Dow Jones tiveram avanços de 0,92% e 0,31%, nessa ordem.