Em uma sessão de volume bastante reduzido e sem o apoio das ações da Petrobras, o Ibovespa encerrou em queda de 0,50%, aos 123.432 pontos, oscilando entre os 123.278 pontos e os 124.767 pontos. O volume financeiro do índice no pregão foi de R$ 11,3 bilhões, bem abaixo do giro financeiro de R$ 14,7 bilhões registrado na média diária ao longo de janeiro, e de R$ 14,9 bilhões na B3. Em dia de decisão do Copom, investidores aguardam o tom do comunicado para recalibrar as apostas locais.

As ações da Vale fecharam em alta de 0,28%. Após a divulgação dos números de vendas e produção, relatórios com perspectivas mais positivas para a mineradora ajudaram o papel a subir com mais intensidade ao longo do dia, mas o movimento perdeu força no fim do pregão.

O Goldman Sachs, por exemplo, avalia que a produção de 81,2 milhões de toneladas de minério de ferro veio dentro do esperado, ao passo que as vendas ficaram marginalmente abaixo da projeção. No entanto, os analistas do banco escrevem que a companhia demonstrou avanços claros no seu processo de otimização operacional, mesmo que isso ainda não se reflita no preço das ações.

O banco elevou o preço-alvo dos recibos de ação (ADRs) negociados na Bolsa de Nova York (Nyse) de US$ 15,80 para US$ 16 e reiterou a recomendação de compra.

Já as ações PN da Petrobras tiveram queda de 0,62%, em um dia de recuo nos preços do petróleo e de dúvidas sobre a governança da companhia em meio à defasagem dos preços de combustíveis.

Há a indicação de que a estatal deva aumentar o preço do diesel, segundo a GloboNews. A percepção no mercado é que a Petrobras pode lucrar menos do que deveria se não reajustar a gasolina e o diesel.

O sócio e gestor dos fundos multimercados da Quantitas, Rogério Braga, avalia que, mesmo se o reajuste dos preços pela petroleira não for realizado, a ação é uma posição de carrego, com “dividend yield” [rendimento de dividendos] em patamar muito elevado. Recentemente, o executivo diz que aumentou a posição na petroleira.

“Ainda que o lucro dela seja eventualmente menor, Petrobras consegue entregar cerca de 16% de ‘dividend yield’. Consigo ter um rendimento que bata o CDI e atravessar esse ano até chegar em 2026, quando há 50% de chance de um governo mais ‘market friendly’ ser eleito”, aponta.

O gestor explica que reduziu a exposição em bolsa, diante do cenário de juros mais altos e ajustes fiscais insuficientes. Sem ver gatilhos para uma mudança de cenário na renda variável tão cedo, ele conta que prefere apostar em papéis de exportadoras, desalavancadas e com menor sensibilidade à economia local, como SLC Agrícola, Prio e Brava.

Horas antes da decisão do Copom, o comunicado do Fed chegou a piorar a performance dos ativos locais, mas um discurso lido como mais neutro feito pelo presidente do Fed, Jerome Powell, na sequência, reduziu um pouco a pressão sobre o mercado local. Em NY, os principais índices americanos fecharam em queda: o Nasdaq caiu 0,51%, o S&P 500 recuou 0,47% e o Dow Jones teve queda de 0,24%.

Alexandre Póvoa, estrategista na Meta Asset Management, avalia que o tom do comunicado foi marginalmente mais “duro” com a retirada do trecho que citava que a inflação estava convergindo para a meta de 2%, enquanto o discurso de Powell foi mais “neutro”.

Para Póvoa, a visão mais cautelosa do Fed na redução dos juros e os riscos em torno da política tarifária americana tenderia a fortalecer o dólar e enfraquecer os ativos locais, como juros, real e a bolsa. Por enquanto, porém, essa não é a situação.

O Ibovespa caminha para fechar o mês no azul, com uma alta de 2,62% até o pregão de hoje, enquanto o dólar deve encerrar o período com um recuo de 5,08%. O movimento surpreendeu o Póvoa. “Pareceu mais um movimento de ‘short squeeze’ do que uma melhora consistente. No máximo, parece ser uma correção de alguns exageros.”

Com o retorno do Congresso, a partir de fevereiro, o estrategista da Meta Asset avalia que será possível ter uma “noção melhor do equilíbrio no preço dos ativos”.



Fonte: https://valor.globo.com/financas/noticia/2025/01/29/ibovespa-recua-sem-o-apoio-de-petrobras-antes-de-decisao-do-copom.ghtml

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