Agora sob a presidência de Gabriel Galípolo, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) seguiu o que havia sinalizado e elevou a taxa básica de juros, a Selic, de 12,25% para 13,25% ao ano. O colegiado também manteve a sinalização de mais uma alta de 1 ponto percentual na reunião de março e não fez indicações do que fará de maio em diante.

A elevação de 1 ponto percentual era amplamente esperada — unânime entre as 120 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor em pesquisa. A 13,25% ao ano, a Selic alcança o mesmo patamar a que chegou em agosto de 2023, quando o Copom iniciava um ciclo de reduções.

Horas mais cedo, o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) manteve os juros em 4,25% e 4,50% ao ano depois de realizar três cortes seguidos. Com isso, ampliou-se o diferencial entre as taxas brasileira e americana.

A decisão do Copom foi unânime e contou com os novos diretores de política monetária, Nilton David, regulação, Gilneu Vivan, e relacionamento, cidadania e supervisão de conduta, Izabela Correa, votando com os outros membros.

Além disso, o colegiado alterou o balanço de riscos e elevou suas projeções de inflação para 2025. No entanto, fez poucas alterações nas suas visões para o cenário externo e doméstico.

Sobre os próximos passos, o Copom apontou que “diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação” uma nova elevação na reunião de março seria realizada “se confirmando o cenário esperado”.

Ao deixar a porta aberta para as decisões posteriores, o comitê reforçou que “para além da próxima reunião” a magnitude do ciclo será ditada pelo “firme compromisso” de convergência da inflação. Dessa forma, como fez na reunião de dezembro, citou que as decisões dependerão de alguns fatores, como a dinâmica da inflação, “em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária”, das projeções e expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.

O colegiado reiterou que segue acompanhando “com atenção” os desenvolvimento da política fiscal. “A percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida segue impactando, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes”, disse.

O Copom alterou o balanço de riscos em relação ao comunicado anterior. Em dezembro, avaliava que o cenário estava menos incerto e mais adverso. Agora, destacou que “persiste” uma assimetria “altista” no balanço para a inflação e alterou os dois riscos de baixa — ou seja, há mais pressões de alta do que de queda da inflação.

Entre os riscos de baixa, o Copom mencionava anteriormente “uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada” e “os impactos do aperto monetário sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado”.

No documento de agora, destacou “impactos sobre o cenário de inflação de uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada” e “um cenário menos inflacionário para economias emergentes decorrente de choques sobre o comércio internacional e sobre as condições financeiras globais”.

O Copom também aumentou suas projeções para a inflação deste ano de 4,5% para 5,2%. O horizonte relevante do colegiado passou do segundo trimestre de 2026 para o terceiro, mas a projeção foi mantida em 4%.

Ao tratar do cenário externo, o colegiado manteve boa parte da avaliação feita em dezembro, inclusive sobre os Estados Unidos — que agora têm um novo presidente, Donald Trump. Para o Copom, o ambiente externo continua desafiador por conta da conjuntura e da política econômica americana, “o que suscita mais dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação e, consequentemente, sobre a postura do Fed”.

O Copom também não fez muitas mudanças na avaliação sobre o cenário doméstico. Assim como em dezembro, ressaltou o dinamismo da atividade econômica e do mercado de trabalho e destacou que tanto a inflação cheia como as medidas subjacentes continuaram acima da meta.

 — Foto: Pixabay
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Fonte: https://valor.globo.com/financas/noticia/2025/01/29/em-primeira-reuniao-sob-galipolo-bc-mantem-ritmo-e-eleva-selic-para-1325percent.ghtml

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