Os juros futuros encerraram o pregão desta terça-feira em queda modesta. O bom desempenho do real contra o dólar deu suporte para o recuo das taxas ao longo de uma sessão que ofereceu poucos gatilhos para os investidores. Agora, o foco ficará sobre a decisão de juros do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, e em particular o tom do comunicado do colegiado, uma vez que a decisão de subir a taxa Selic em 1 ponto percentual é dada como certa. Assim como no Brasil, o Federal Reserve (Fed) divulgará a sua decisão de juros, e a comunicação do BC americano e de seu presidente, Jerome Powell, também devem ser o foco do mercado.
Ao fim do pregão, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento de janeiro de 2026 teve leve queda de 15,16%, do ajuste anterior, para 15,135%; a do DI de janeiro de 2027 recuou de 15,355% para 15,31%; a do DI de janeiro de 2029 cedeu de 15,085% para 15,065%; e a do Di de janeiro de 2031 oscilou de 15,025% para 15,02%.
No mercado de renda fixa americano, o retorno da T-note de dez anos tinha alta marginal de 4,541% a 4,543% perto do horário de fechamento no Brasil. As taxas dos Treasuries subiram durante toda a sessão, mas o movimento arrefeceu ao longo da tarde.
Em uma sessão de pouca volatilidade e sem direcionadores para o mercado local de juros, operadores avaliam que a apreciação do real contra o dólar em um dia de valorização global da moeda americana abriu espaço para o recuo das taxas domésticas.
De acordo com um operador de renda fixa de um grande banco local, há ainda uma aposta de que o ciclo de aperto monetário do Banco Central e o aumento vertiginoso do juro real devem pressionar a atividade econômica e forçar uma perspectiva de política monetária menos agressiva no futuro. “Há uma parte do mercado querendo pegar essa inflexão”, diz ele.
Amanhã, o Copom deve cumprir com o indicado na sua última reunião e elevar a Selic para 13,25%. Em meio ao processo contínuo de desancoragem das expectativas de inflação – que se acentuou após o preocupante IPCA-15 de janeiro -, alguns analistas projetam um tom duro no comunicado do colegiado, que se manteria aberto a manter o ritmo de 1 ponto da alta de juros para além da decisão de março, também inclusa no “forward guidance” dado pelo BC no mês passado.
“Essa será a primeira reunião com [Gabriel] Galípolo na função de presidente e terá especial interesse verificar a existência de eventuais mudanças no teor da comunicação. Em particular, será relevante para os movimentos de mercado a manutenção de informações sobre o curso dos ajustes futuros para a Selic (o chamado ‘forward guidance’). Lembramos que a mediana do Focus aponta para 15% até o final do ano”, destaca Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.
Já quanto à decisão do Fed, a expectativa quase unânime é de que o BC americano mantenha os juros no patamar de 4,25% a 4,5%. Com isso, a comunicação de Powell também será acompanhada com atenção em busca de sinalizações futuras.
“O cenário base é que a preocupação com a inflação será renovada dificultando a queda de juros nos EUA e pressionando o aumento de juros no Brasil. Mas os detalhes de conteúdo e forma dos comunicados poderão fazer a diferença. Amanhã as palavras deverão ter mais força do que os números”, conclui Igliori.